Vivemos em uma tribo, então tudo em volta contribui.
Gianlucca nasceu de uma cesárea eletiva. Até hoje disse isso somente para o meu marido, mas decidi tornar isso publico (apesar de meu círculo social não saber da existência do blog).
E porque disse isso somente para o Rodrigo? Porque ninguém está nem aí para o assunto parto!
Não tenho nenhum receio de assumir meu parto, sou realmente bem resolvida com a escolha que fiz. Nem mesmo esse MMA que ocorre entre parto normal X parto cesáreo me afeta. Nem mesmo a tentativa de tirar a palavra "parto" antes de cesáreo, por acreditarem que não é um parto.
Como diz a Anne do finado Super Duper escolha é aquilo que a gente banca. Concordo em gênero, número e grau! Eu banco a minha cesárea e ponto!
Vamos ao caminho até o meu parto.
Sou a filha caçula, tenho somente uma irmã mais velha. Minha mãe casou-se muito cedo, foi mãe muito cedo e fechou a fábrica cedo também.
Minha irmã nasceu de fórceps quando ela tinha somente 18 anos. Eu nasci de cesárea, mas não eletiva. Minha mãe ficou em trabalho de parto a noite toda em casa e foi para o hospital de manhã. Segundo os relatos familiares, mais um pouco eu nascia em casa.
Aí você me pergunta, porque então minha mãe optou por uma cesárea? Devido a laqueadura! Minha mãe fez laqueadura no meu parto, aos 21 anos. E ainda não dá pra fazer laqueadura via vaginal, muitas mais no meio da década de 80 (kkkkk)
Cresci ouvindo relatos da minha mãe de como sofreu e se machucou no parto da minha irmã. Segundo ela só não foi pior pois ela alugou o vestido de noiva algumas vezes (que tem até hoje! É muito amor) para pagar o famoso parto sem dor (com anestesia que antes o sistema publico não ofertava).
Eu mais envolvida no assunto hoje, imagino sim que deve ter sido cruel. Ela por querer fazer a laqueadura e não querer mais passar por isso, optou operar.
Mas as mulheres da minha vida são parideiras. Minha avó teve 6 filhos, exceto pelo primeiro, todos os partos foram rápidos. Minha tia, hoje madrinha do bambino, nasceu em casa. Minha vó conta que estava com dores e meu vô saiu para "alugar" o taxi para ir ao hospital. Ela estava sentada na cama esperando, quando veio uma contratação. Ao se deitar, fez um pouco de força e minha tia nasceu. Olha que lindeza!!!
Minha tia teve seus dois filhos de parto normal, mas contava do sofrimento do primeiro devido a episiotomia.
Assim cresci ouvindo de sofrimentos. Verdadeiros, entendo. Não me imagino em um fórceps ou vitima de uma episiotomia.
Quando criança inicialmente eu dizia que não teria filhos. Minha justificativa, esse mundão lindo do meu Deus ficando cada dia cruel. Uma das minhas principais argumentações era a falta de água, e olha hoje vivendo aqui uma crise hídrica em SP! Tinha medo de colocar filhos no mundo para sofrer.
Mas depois um otimismo me invadiu e optei por ser mãe. Iria adotar! Causa super nobre, que ainda ronda o meu coração, mas a razão era não sofrer. Hoje entendo que dor - que existe no parto - não tem nada a ver com sofrimento.
Então minha irmã engravidou e de cara gêmeos (família tem uma penca de gêmeos, genética completamente favorecendo) e passado 38 semanas deu-se a desgraça. Nascidos de cesárea um deles faleceu depois de 2 horas e outro ficou 2 meses na UTI e também se foi para os braços do Pai. Passaram do tempo, ficaram sem oxigênio. Muito sofrimento, muito.
Enquanto grávida, meu único medo era meu filho não respirar, ficar sem oxigênio. Esse fantasma da minha irmã também me assombrou demais.
Eu demorei para engravidar. Gianlucca é filho de um milagre, resultado de muito oração e clamor a Deus. Quando enfim eu embarrigudei, optei por ficar com o médico que já me acompanhava. Foi a minha pior decisão.
Fazia meu pré-natal em São Paulo, pois lá trabalhava (e ainda trabalho) e ficava mais fácil ir para as consultas. O médico era na época uns dos diretores do hospital próximo da Av Paulista que só faz cesáreas. E eu quando ingenuamente falava que queria parto normal ele me dizia que o hospital que atendia parto normal (e que meu convênio cobria) não permitia acompanhantes e que eu ficaria assistida somente pelas enfermeiras, ele mesmo viria somente após 8 dedos de dilatação e que isso demoraria horas. Nunca me ofereceu uma cesárea, mas nem precisava né não?!
Fui uma gestante desassistida. Comparecia todas as consultas, mas não tinha vinculo qualquer com o médico. Eu que sofri a gestação inteira com a pressão super baixa, onde quase desmaiava, nunca fui observada. Podia morrer de reclamar, ele nem se abalava.
Aos 5 meses de gestação, fui para o Pronto Socorro em Sorocaba passando mal da pressão. Era uma segunda-feira, me lembro até hoje e lá conheci o Dr. André. E como fui feliz em conhece-lo! Médico amável, empatia total tanto minha como do marido. Mas meu convênio não cobria as consultas com ele. Fiquei então com o médico de SP.
Até que com 35 semanas, após várias ligações ao médico de SP por passar muito mal da pressão baixa (eu não conseguia ficar em pé) e nenhum retorno dele, NENHUM, eu me cansei. Dr. André me recebeu e continuamos na reta final com ele, particular mesmo.
No dia 04/03 uma sexta-feira, depois de 2 dias sem dormir, passando muito mal eu liguei para o médico e disse: cansei de brincar, me opera hoje mesmo! Ele me disse para esperar mais, não aceitou! Disse que melhor seria induzir meu parto normal, me colocaria no soro, e se fosse minha opção após 6 dedos de dilatação me daria anestesia. Fiquei de pensar. Passou o final de semana e na segunda, 07/03 liguei para ele e disse que queria a cesárea. E assim foi feito.
Fui para o hospital as 15hs, Gianlucca nasceu as 17:42hs. Não quis mamar logo que nasceu. Papai acompanhou até o berçário e deu o primeiro banho enquanto eu ficava na sala de recuperação.
Demoraram demais para me levar para o quarto, demais. Gianlucca também foi vítima de todos os protocolos hospitalares, como vitamina K injetável, aspiração, colírio e tudo o mais.
Da cesárea, minha primeira levantada da cama as 5 da matina no dia 08/03 para tomar banho foi cruel. Depois disso não tive nenhuma dor, nenhuma mesmo. Não andei com dificuldade, me abaixava e tudo mais. Só não carregava peso, como a banheira cheia de água. Do resto quem me via achava que eu tinha parido por parto vaginal mesmo.
A minha cicatriz é quase nula, incrível! Prova que meu amado e fofo Dr. André também é um cesarista. Mas isso não o desqualifica de maneira nenhuma. O apreço que temos por esse homem aqui em casa é imenso!
Cicatriz emocional, no lo tengo! Meus medos me fizeram optar por uma cesárea, e após muita informação eu creio que os tenho todos resolvidos.
Eu, ignorante que era na época, não via diferença na via de nascer. E hoje sei que há sim. E que de alguma maneira isso impactou a vida do Gianlucca de uma forma irreversível, já que não posso colocar ele dentro da minha barriga de novo e parir (apesar de alguma vezes desejar profundamente hahahah).
Caso haja segundo round aqui em casa, o parto não será apenas normal, será domiciliar. Quero parir no ninho, pois lugar de parto não é em hospital.
É isso. As grávidas que tenho por perto eu tento orientar, para que possam seguir caminhos diferentes do meu, mas a decisão é intrinsecamente pessoal.
A você barrigudinha de plantão, desejo que seus medos não te dominem como me dominaram. E que você possa bancar sua escolha seja ela qual for :)
Assim que nasceu. Só de olhar me emociono ao lembrar da alegria que senti.
*todos os direitos da foto são reservados e não autorizo reprodução.
Evitei filho nos três primeiros anos de casada por medo do parto, porque cresci ouvindo história de partos normais muito traumáticos e jamais concebi a ideia de uma cesárea. Tenho pânico dos instrumentos cirúrgicos e verdadeira fobia de está em um centro cirúrgico, só em me imaginar sendo cortada chego a suar frio, minha mãos gelam. Mas, quando finalmente resolvi ser mãe comecei a enfrentar os meus próprios medos e passei a me preparar psicologicamente para um parto, de uma forma ou de outra. Ao longo desses anos de espera por esse filho que só agora está dentro de mim, descobri que parto normal não precisa ser traumático e se tiver que ser submetida a uma cesárea verdadeiramente necessária acho que dou conta dos meus medos, tendo em vista tudo que vivi até aqui... Me emocionei muito lendo essa tua publicação e vendo a foto do teu príncipe!!!! Bjos!!!!!
ResponderExcluirAqui no Brasil precisamos evoluir muito jo quesito parto. Ou usamos o SUS e convênios com toda a sua estrutura engessada ou partimos para o particular (parteiras e pediatras humanizados), mas financeiramente são poucos que podem. É um longo caminho de desconstrução (para voltarmos a acreditar que podemos parir) e construção de um novo modelo de atender ao ato de nascer. Fico imensamente te feliz e om saber que você está pronta para esse evento importantíssimo, pois isso faz toda a diferença. O empoderamento é o caminho!!
ResponderExcluirE o amor compensa tudo!! Sem idealismos maternais, mas por uma vida regada a amor!!!
Logo logo será seu relato de parto e eu vou ler todinho!!! Bjs enormes em vocês 3 (dois internos hahaha)
Mah, estou lendo seu blog desde o começo. E que história hein?
ResponderExcluirMas vim aqui por outro motivo, aonde você mora? Você fala tanto de Sorocaba, que fiquei curiosa, porque eu moro nessa cidade tão citada por você.
Ah! E nas duas gravidez eu sofri de pressão baixa. Na primeira peguei uma médica péssima, já na segunda gravidez eu amei. Tive dois médicos e se eu fosse engravidar de novo, eu faria com um dos dois. O pré Natal dessa vez não foi traumático como na primeira gravidez.
Oi Gi
ExcluirJura que você mora em Sorocaba?!? Eu também!!! Moro desde 2009 quando viemos de São Paulo.
Desde então vou e volto do trabalho em São Paulo, de fretado.
Me adiciona no FB pra conversarmos Maira Sonego Rodrigues
Bjs 💕💕
hahahaha
ResponderExcluirMoro aqui desde 2008
Que coincidência. Hahaha
No momento estou sem Facebook no celular pq ele estava travando meu celular, mas assim que eu abrir no notebook eu te adiciono. Só faltou a gente morar em bairros próximos. hahahaha
Se marido colaborar, logo logo te adiciono.
Ou me add la: Gislene Mendes
beijos
Que legal!! Amei! 💜💜
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